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quinta-feira, 31 de julho de 2014

Resenha do livro Psicomotricidade: educação e reeducação num enfoque pedagógico

Resenha feita por: Cleide Merenso dos Reis. 
OLIVEIRA, Gislene de campos. Psicomotricidade: educação e reeducação num enfoque pedagógico. ed. 7ª. Petrópolis: Vozes, 1997.
                Psicomotricidade: educação e reeducação num enfoque pedagógico de Gislene de Campos Oliveira é uma obra que vem mostrar o caráter de prevenção, reeducação e terapêutica da psicomotricidade. A autora  divulga no livro o resultado de pesquisas e estudos realizados nos últimos anos com o objetivo  de contribuir para a compreensão e análise das principais dificuldades de aprendizagem encontradas em sala de aula. Destina-se o livro a profissionais que atuam com crianças da Educação infantil e as séries iniciais do Ensino Fundamental. A obra possui nos 5 seguintes capítulos: Capítulo I – Psicomotricidade; Capítulo II – Desenvolvimento da psicomotricidade; Capítulo III – Aprendizagem da leitura e Escrita; Capítulo IV – Dificuldades de Aprendizagem e  Capítulo V – Conclusões e Prospecções.
No Capítulo I – Psicomotricidade – a autora afirma que muitas das dificuldades de aprendizagem apresentadas pelas crianças podem ser sanadas na própria escola, em vez de serem enviadas a especialistas. Isso se os profissionais da mesma conhecerem as questões psicomotoras e sua aplicação de forma simples e eficiente. Nesse sentido Oliveira diz que ao nascer o cérebro da criança ainda não se encontra plenamente desenvolvido. Para tal não basta apenas uma boa nutrição, uma boa educação psicomotora também contribui muito para a maturação do mesmo, facilitando a aprendizagem.
Inicialmente ela começa a descrever os diversos movimentos existentes: os movimentos voluntários, que são intencionais  como andar em direção a um objeto, depende da aprendizagem; os movimentos reflexos que são  não-intencionais, podem ser inatos ou adquiridos; e os movimentos automáticos, que dependem de aprendizagem e da vontade do individuo, porém com o hábito eles se tornam automático, como por exemplo: andar de bicicleta, nadar, tocar piano, etc. Mais adiante ela passa a descrever o Tônus Muscular que é uma tensão psicomotora da qual depende as atividades de coordenação e outros movimentos.
 Porém o que é a Psicomotricidade? Ao definir psicomotricidade a autora afirma ser uma íntima relação entre a mente e o movimento e que seu desenvolvimento apropriado contribui para a aprendizagem em sala de aula no que se refere à prática de leitura e escrita.
No Capítulo II – Desenvolvimento da psicomotricidade - a autora descreve os diferentes tipos de coordenação motora:  a global, que consiste nos movimentos amplos, como andar, correr, pular; a fina – coordenação das mãos e óculo-manual – articulação entre movimentos das mãos e dos olhos – importantes para a pega correta do lápis , a leitura e a escrita.
A seguir Oliveira ressalta a importância do desenvolvimento de um adequado esquema corporal, pois contribui muito para a aquisição de conceitos de espaço, como; embaixo, em cima, direita e esquerda, etc. Além disso  ressalta a importância do espelho na aquisição dessa habilidade. Também aborda as três  etapas do esquema corporal, a saber: Corpo vivido ( ao 3 anos): a criança não tem consciência do seu “eu”; Corpo percebido ou “descoberto” ( 3 a 7 anos): Passa pelo processo de interiorização do corpo; Corpo representado ( 7 a 12 anos): representação mental da imagem do corpo. As perturbações que podem ocorrer  no esquema corporal podem prejudicar o hábito visomotor, o que interfere na leitura e escrita.
Ligada ao esquema corporal está a  lateralidade, que  é a propensão que o ser humano possui de utilizar preferencialmente mais um lado do corpo do que outro, em três níveis: mão, olho e pé. O que determina a lateralidade? foi a historicamente determinada? A hereditariedade?  A dominância cerebral? Ou a influência do meio psico-social-afetivo e educacional?  
Ao nascer a criança ainda não tem uma lateralidade definida, é um processo de evolução que tem sua definição por volta dos 7 anos. A mesma não pode ser forçada, deve ocorrer naturalmente. Perturbações na lateralidade podem acarretar diversas dificuldades nas crianças, como: a aquisição de conceitos de direita e esquerda, leitura e escrita, postura, etc.
O que depende também de um bom conceito de lateralidade e estruturação corporal é  a  estruturação espacial , que é a consciência do espaço e dos objetos que o ocupam. É importante para o desenvolvimento aritmético, a escrita de números e letras. A criança não nasce com a estruturação espacial definida, é uma elaboração mental que se constrói com sua relação com o meio. É importante para a escrita da criança no papel com pauta.
As dificuldades apresentadas pela má estruturação espacial são diversas, por exemplo: podem não discriminar a direção de certas letras e números: 6 e 9; p e b; b e d; p e q; falta de orientação espacial no papel na leitura e na escrita, etc. e problemas na reversibilidade.
A estruturação temporal, também  está intimamente ligada ao espaço, por isso a expressão espaço-temporal. Há uma grande ligação entre a orientação temporal e a linguagem, para ler, por exemplo, é necessário que se possua domínio do ritmo, uma sucessão de sons no tempo.
A estruturação temporal não é um conceito inato e sim aprendido. 1º aquisição dos elementos básicos; 2º consciência das relações no tempo; 3º representação mental e orientação temporal – simultaneidade, ordem e seqüência, renovação cíclica de certos períodos e ritmo.
As perturbações da má orientação temporal podem ser: escrever palavras emendadas; trocar letras, etc.
Por fim  acuidade visual e auditiva, sendo que a primeira é importante para a discriminação dos símbolos da escrita de números e letras, a movimentação correta dos olhos no momento da leitura. Uma  má discriminação visual pode confundir letras simétricas, como; d e b; n e u; p e q; e movimento desordenado dos olhos na hora da leitura. E a segunda possibilita a retenção e recordação dos sons das palavras, muitas dificuldades na leitura e escrita se dá porque as crianças se esquecem do som que os símbolos representam.
No Capítulo III – Aprendizagem da leitura e Escrita – a  autora concebe a linguagem da fala como imprescindível para a aprendizagem da leitura e escrita. Problemas na fala podem acarretar atrasos na aquisição dessas habilidades.
O desenho é a primeira manifestação gráfica da criança. De início – garatujas – depois toma forma e significados. O desenho livre da criança pode ser visto como uma escrita, uma caligrafia.
A leitura, para a autora,  é muito mais que decifrar símbolos e sons, é necessário compreendê-los, e para desenvolvê-la é necessário  adquirir habilidades psicomotoras.
Para Oliveira a  escrita é um ato motor, por isso o desenvolvimento do mesmo é importante. A cópia é uma forma interessante para tal. No entanto é preciso ter  cuidado com a cópia, a mesma não deve ser algo rotineiro em sala de aula, deve-se ter objetivos, como os defendidos pela autora. O ditado também é importante, pois se a criança não lê, ela não consegue escrever.
No Capítulo IV – Dificuldades de Aprendizagem –  são apresentadas as  causas de dificuldades de aprendizagem que podem ser: intra-escolares ( métodos inadequados, por exemplo), deficiência mental, déficit auditivo-visual, mau desenvolvimento da linguagem, problemas emocionais,  fatores ambientais ( nutrição e saúde), deficiências não-verbais (relacionadas ao mau desenvolvimento psicomotor), falta de maturidade, dislexia, etc.
A dislexia de  modo geral é a dificuldade específica na leitura e escrita sem que a criança apresente qualquer problema de inteligência. A criança sempre apresenta os mesmos erros específicos repetidamente. O diagnóstico do problema deve ser feito de maneira cuidadosa, pois muitas das dificuldades podem ser confundidas com as relacionadas com as deficiência no desenvolvimento da psicomotricidade. 
No Capítulo V – Conclusões e Prospecções – a autora conclui assim a sua obra:

 Não se pode chamar uma equipe multidisciplinar para diagnosticar as dificuldades apresentadas por cada aluno. O professor, soberano no processo ensino-aprendizagem desenvolvido em sala de aula, se for bem esclarecido e capacitado, terá condições para sanar muitas delas, e deixar para outros profissionais casos de “fogem” de sua alçada (  OLIVEIRA, 1997, p. 135-136).



Pode se dizer que a obra contribui grandemente para o conhecimento dos professores para uma melhor atuação em sala de aula no que diz respeito a identificação de dificuldades de aprendizagem. Longe de indicar o professor como o único profissional responsável pela tarefa do diagnóstico, Oliveira o coloca como aquele, que por estar mais próximo do educando, o conhece muito mais do que especialistas vindos de fora. Muitas vezes esses profissionais  tiram conclusões precipitadas e descontextualizadas da realidade do aluno e em vez de resolver o problema acaba criando outros. O professor, então deve ser o principal identificador e mediador de tais diagnóstico sem, é claro, se envolver em questões que não fazem parte de sua especialidade.    

Política e pedagogia à luz do mito da caverna de Platão

O “Mito da Caverna”, uma alegoria de aplicação universal, ideia genial nascida no mundo das ideias de   Platão encontra-se  no centro do Diálogo em  A República.
            O “Mito da Caverna” impulsiona uma transformação interior do indivíduo de modo a abalar as estruturas de ideias fixas, de valores dogmáticos para um mundo de reflexão e crítica. Trata-se de um salto epistemológico e existencial da pessoa que passa por esse processo. Entretanto  é confrontado por um  lado sombrio da grande maioria que possui um tendência quase que inata  a acatar ideias dogmáticas, porém confortadoras.
            Assim diante de um mundo onde não se pode confiar nos  sentidos, no que se vê, com dimensões  até mesmo aparentemente conspiratórias. Sendo esse estado de coisas presente em todas as dimensões da vida cotidiana, tanto econômica, religiosa, midiática,  política, pedagógica, etc.
            Na dimensão política pode se dizer que essa falsa apresentação do mundo seja apenas características de governos autoritários ou  totalitários. Entretanto até mesmo em ditas democracias, estado democrático de direito, pode-se identificar essa dimensão quase conspiratória e alienante. Podemos viver em ditaduras democrática? Evidentemente que o paradoxo está claro. Mas pode-se sim viver a ditadura da maioria. Sendo que a opressão da minoria pode ser legitimada, sem que se perceba que o que se diz democrático são os direitos e deveres e não meramente opiniões. Na verdade não importa qual o regime. O que importa é conhecer o a essência da natureza humana, que é quase  sempre a do interesse, mesmo que essa interesse seja com as mais “puras” intenções. Salvo exceções evidentemente.       
            Perceber essa nuance é fundamental para que se atinja um nível mais crítico, eis que surge aí uma luz na escuridão. O espírito encarcerado passa a partir para a ação. Emergir-se para o mundo das ideias, do saber, do conhecimento, é algo libertador. Porém não se trata de um conhecimento dogmático de outrora. O conhecimento  limitado, até onde os outros queriam que ele soubesse. E sim um conhecimento que nasce de uma mente livre. Livre dos dogmas políticos. Assim deixa de ser oprimido. Porém se vê agora na missão de “ evangelizar”. Descobriu uma boa nova e agora que contar para todo mundo. Mas logo percebe que  esse processo não ocorreu com todos.  Os outros ainda estão na escuridão, dispostos a defender o opressor com unhas e dentes. Sem percebem, no entanto, que estão contra si mesmos. Isso culmina como sempre na morte, real ou simbólica,  daquele que quer libertar.
            Falta aqui  a desenvoltura da  figura do pedagogo, da dimensão pedagógica.  Didático, ele poderia desembaraçar lhes a visão utilizando o próprio conhecimento sobre o mundo sensível e ir aos poucos clareando a mente. Tal como os olhos, acostumados a escuridão, precisa abrir aos poucos para se acostumar com a luz ofuscante.
            Imergido em uma escuridão, a loucura dogmática faz sentido, mas aos iluminados não faz nenhum. Então a  missão do professor não é simplesmente contar o que viu. E sim possibilitar a seus pupilos oprimidos politicamente, em sua dignidade e direitos fundamentais,  os mesmos processos de descoberta pelo qual passou.
            A mera exposição dos conhecimentos, em um molde tradicional de transmissão de conteúdos acríticos  e descontextualizados só pode gerar efeitos contrários. Mesmo que bem  recebidos, esses conteúdos  inovadores e libertadores, podem ser assimilados  como novos dogmas de uma nova religião. E não é isso que o professor revolucionário quer. Ele quer a transformação, ele não que pessoas que apenas acreditam como ovelhas, mas que queiram conhecer. Acreditar já acreditavam antes. O que devem se dar conta é que o conhecimento é uma  eterna construção-desconstrução, não há uma outra saída para isso. E isso é desconfortante. Um conhecimento seguro, imutável, nos é muito agradável.  Aquele que ousa tirar-nos esse conforto corre um sério risco de vida. Conhecimentos assim são dados por deuses, pelos anciãos experientes, por mestre inquestionáveis e ninguém pode ousar desafiá-los, sob pena de perder a vida. Uma vez que desestrutura a ordem estabelecida. Esse é o maior problema que pode matar o professor precipitado. Como aquele que é morto por seus próprios pupilos.
            Num mundo, onde as toneladas de informações estão no ar, poder-se-ia afirmar que o que não nos falta é o conhecimento. Porém são incapazes de filtrar essas informações.  Para a concepção de uma mente livre e pensante é necessário mais que informação. É necessário um despertar interior. Algo que um bom mestre,  num processo  maiêutico e dialético pode proporcionar. O mundo real está no mundo das ideias. O despertar interior do pupilo  é algo a ser instigado pelo mestre. Assim o verdadeiro mestre é aquele que consegue fazer perceber o estado de ignorância do pupilo. E este a admite não como uma fraqueza e sim como uma força propulsora, um ponto de partida para o verdadeiro conhecimento.

            

Atividades de alfabetização silábica

Sei que esse método é bastante criticado. Porém é a única maneira que encontrei de trabalhar  alunos com  muitas  dificuldades de aprendizagem.  Eu mesma elaborei e tenho tido resultados animadores. Quem se interessar pelo arquivo completo mande-me um e-mail para: cleidemerenso@hotmail.com ou deixe o e-mail nos comentários.