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quinta-feira, 31 de julho de 2014

Política e pedagogia à luz do mito da caverna de Platão

O “Mito da Caverna”, uma alegoria de aplicação universal, ideia genial nascida no mundo das ideias de   Platão encontra-se  no centro do Diálogo em  A República.
            O “Mito da Caverna” impulsiona uma transformação interior do indivíduo de modo a abalar as estruturas de ideias fixas, de valores dogmáticos para um mundo de reflexão e crítica. Trata-se de um salto epistemológico e existencial da pessoa que passa por esse processo. Entretanto  é confrontado por um  lado sombrio da grande maioria que possui um tendência quase que inata  a acatar ideias dogmáticas, porém confortadoras.
            Assim diante de um mundo onde não se pode confiar nos  sentidos, no que se vê, com dimensões  até mesmo aparentemente conspiratórias. Sendo esse estado de coisas presente em todas as dimensões da vida cotidiana, tanto econômica, religiosa, midiática,  política, pedagógica, etc.
            Na dimensão política pode se dizer que essa falsa apresentação do mundo seja apenas características de governos autoritários ou  totalitários. Entretanto até mesmo em ditas democracias, estado democrático de direito, pode-se identificar essa dimensão quase conspiratória e alienante. Podemos viver em ditaduras democrática? Evidentemente que o paradoxo está claro. Mas pode-se sim viver a ditadura da maioria. Sendo que a opressão da minoria pode ser legitimada, sem que se perceba que o que se diz democrático são os direitos e deveres e não meramente opiniões. Na verdade não importa qual o regime. O que importa é conhecer o a essência da natureza humana, que é quase  sempre a do interesse, mesmo que essa interesse seja com as mais “puras” intenções. Salvo exceções evidentemente.       
            Perceber essa nuance é fundamental para que se atinja um nível mais crítico, eis que surge aí uma luz na escuridão. O espírito encarcerado passa a partir para a ação. Emergir-se para o mundo das ideias, do saber, do conhecimento, é algo libertador. Porém não se trata de um conhecimento dogmático de outrora. O conhecimento  limitado, até onde os outros queriam que ele soubesse. E sim um conhecimento que nasce de uma mente livre. Livre dos dogmas políticos. Assim deixa de ser oprimido. Porém se vê agora na missão de “ evangelizar”. Descobriu uma boa nova e agora que contar para todo mundo. Mas logo percebe que  esse processo não ocorreu com todos.  Os outros ainda estão na escuridão, dispostos a defender o opressor com unhas e dentes. Sem percebem, no entanto, que estão contra si mesmos. Isso culmina como sempre na morte, real ou simbólica,  daquele que quer libertar.
            Falta aqui  a desenvoltura da  figura do pedagogo, da dimensão pedagógica.  Didático, ele poderia desembaraçar lhes a visão utilizando o próprio conhecimento sobre o mundo sensível e ir aos poucos clareando a mente. Tal como os olhos, acostumados a escuridão, precisa abrir aos poucos para se acostumar com a luz ofuscante.
            Imergido em uma escuridão, a loucura dogmática faz sentido, mas aos iluminados não faz nenhum. Então a  missão do professor não é simplesmente contar o que viu. E sim possibilitar a seus pupilos oprimidos politicamente, em sua dignidade e direitos fundamentais,  os mesmos processos de descoberta pelo qual passou.
            A mera exposição dos conhecimentos, em um molde tradicional de transmissão de conteúdos acríticos  e descontextualizados só pode gerar efeitos contrários. Mesmo que bem  recebidos, esses conteúdos  inovadores e libertadores, podem ser assimilados  como novos dogmas de uma nova religião. E não é isso que o professor revolucionário quer. Ele quer a transformação, ele não que pessoas que apenas acreditam como ovelhas, mas que queiram conhecer. Acreditar já acreditavam antes. O que devem se dar conta é que o conhecimento é uma  eterna construção-desconstrução, não há uma outra saída para isso. E isso é desconfortante. Um conhecimento seguro, imutável, nos é muito agradável.  Aquele que ousa tirar-nos esse conforto corre um sério risco de vida. Conhecimentos assim são dados por deuses, pelos anciãos experientes, por mestre inquestionáveis e ninguém pode ousar desafiá-los, sob pena de perder a vida. Uma vez que desestrutura a ordem estabelecida. Esse é o maior problema que pode matar o professor precipitado. Como aquele que é morto por seus próprios pupilos.
            Num mundo, onde as toneladas de informações estão no ar, poder-se-ia afirmar que o que não nos falta é o conhecimento. Porém são incapazes de filtrar essas informações.  Para a concepção de uma mente livre e pensante é necessário mais que informação. É necessário um despertar interior. Algo que um bom mestre,  num processo  maiêutico e dialético pode proporcionar. O mundo real está no mundo das ideias. O despertar interior do pupilo  é algo a ser instigado pelo mestre. Assim o verdadeiro mestre é aquele que consegue fazer perceber o estado de ignorância do pupilo. E este a admite não como uma fraqueza e sim como uma força propulsora, um ponto de partida para o verdadeiro conhecimento.

            

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